Radio-Activity é o quinto álbum do Kraftwerk, lançado em 1975, um ano após Autobahn.
Comparado ao disco anterior, há diversas mudanças de conceito artístico e direção sonora.
A primeira e mais significativa mudança é o abandono da conexão com o folk alemão em favor de uma abordagem mais cínica e moderna, na qual a tecnologia assume uma voz imperativa na paisagem criativa.
Aqui, a banda explora um tipo diferente de retrofuturismo, utilizando a tecnologia das décadas de 1920 e 1930 para criar uma atmosfera futurista, ao invés da combinação de tradicionalismo folclórico alemão e revolução industrial presente em Autobahn.
A segunda mudança é o próprio som. Não há flautas, guitarras ou qualquer outro instrumento mais tradicional. O Kraftwerk neste disco é totalmente eletrônico, fazendo jus, inclusive, ao conceito de um disco extremamente modernista.
Em Radio-Activity, temos dois temas principais, que também apresentam uma aliteração. Metade do disco fala sobre “radioatividade” e a outra metade sobre “atividade no rádio”.
Trata-se de um disco que, à primeira vista e em comparação com o anterior, Autobahn, não possui músicas tão memoráveis. No entanto, está longe de ser ruim – muito longe mesmo.
É possível perceber que é um álbum que se revela aos poucos e melhora com o tempo. A própria crítica, que foi morna no lançamento do disco, aos poucos revisitou-o e passou a tê-lo em maior estima. Hoje em dia, é considerado um dos discos mais subestimados do grupo.
Escutei este disco de 3 a 4 vezes e, em todas as ocasiões, descobri algum detalhe novo que não havia percebido antes. A cada audição, o disco melhorava um pouco.
Quanto mais escutava, inclusive, mais ele se revelava como um paradoxo. Como pode um disco flagrantemente tão minimalista revelar tantos detalhes?
Enfim, Radio-Activity é uma sinfonia eletrônica retrofuturista e incrivelmente detalhada dentro de uma proposta minimalista (por mais contraditório que isso possa parecer).