The Shining (O Iluminado no Brasil) é um romance de horror do escritor Stephen King. Lançado em 1977, foi o terceiro livro de Stephen King e seu primeiro best-seller em capa-dura. O
Os cenários e personagens do livo foram influenciados pelas experiências pessoais do Stephen King, incluindo suas visitas ao Hotel Stanley, no Colorado em 1974 e a sua reabilitação do alcoolismo.
Um filme baseado no livro, The Shining, dirigido por Stanley Kubrick foi lançado em 1980. Em 1997, o livro foi adaptado para uma minissérie de televisão. O livro ganhou uma sequência em 2013 intitulada Doctor Sleep, sendo este também adaptado para o cinema em 2019 em um filme homônimo.
A história se passa quase que inteiramente no Overlook, um hotel fictício mal-assombrado isolado nas rochosas do Colorado. A história do hotel é descrita durante o livro por vários personagens e inclui a morte de vários dos seus clientes e do ex-zelador, que matou sua família e a si mesmo.
Jack Torrance, sua mulher Wendy e seu filho de cinco anos Danny, se mudam para o hotel porque Jack aceita o emprego de zelador durante a baixa temporada de inverno, quando o hotel fica deserto e isolado. Jack é um aspirante a escritor e um alcoólatra em recuperação de seu passado problemático, tendo inclusive quebrado acidentalmente o braço de Danny e perdido seu emprego como professor. Ele tem a esperança que o isolamento do hotel o ajudará a reconectar com sua família e o motivará a terminar sua peça.
Danny possui, sem o conhecimento de seus pais, habilidades psíquicas e sensitivas especiais, que o permitem ler mentes e ter premonições. Ele começa a ver fantasmas e visões assustadoras do passado do hotel, que parece ser uma entidade sinistra que tenta possuí-lo.
Tendo dificuldades em possuir Danny, o hotel começa a possuir Jack, tirando dele a sua vontade e desejo de trabalhar e inflamando nele um desejo assassino.
Jack, possuído pelas forças sobrenaturais e sinistras do hotel, começa a ter visões do passado escuro do hotel, como o Grane Baile, onde ele interage (por visões proporcionadas pelo proprio Overlook) com as pessoas que passaram pelo baile, dentre eles Grady, o antigo zelador do Overlook que cometeu suicídio depois de matar sua esposa e suas duas filhas.
Jack perde a sanidade e por consequência passa a ter uma vontade, indiretamente influenciado pelo hotel, de matar Wendy e Danny.
Geralmente o horror desse livro é explicado numa perspectiva psicológica, onde o isolamento é visto como eixo narrativo principal. Acredito que esse é apenas uma das inúmeras possibilidades de interpretação válidas de possível interpretação da obra, mas acho que nem seja a principal.
Estou mais aberto para assumir The Shinning como uma história de horror sobrenatural amalgamado com terrror psicológico, biografico e até mesmo sociológico.
Temos aqui um inusitado aspecto de “horror de posessão”, onde a entidade possuidora não é um espírito, um demônio ou um animal, como se costuma ver nas histórias classicas deste tipo, mas um hotel.
Acredito que seja muito importante ler o livro completo, incluíndo o prólogo (“Before the Play”) e o epíologo (“After the Play”) que foram retirados das primeiras versões do livro (não por vontade do autor, mas da editora).
O prólogo narrava eventos anteriores na história do Overlook e foi publicado em uma versão do livro de 1982. O epílogo foi considerado perdido, mas foi redescoberto em 2016 como parte de uma versão manuscrita inicial do romance.
Hoje, já há a versão completa do livro, incluindo estas partes.
No prólogo, vemos que o Hotel Overlook desde a sua inauguração já possuia em si uma espécie de “maldição nativa” pois, pelo que é insinuado, foi construído num lugar amaldiçoado. É como se um espírito que estava adormecido naquele lugar tivesse “possuído” o hotel.
Em The Shinning, não temos um hotel mal-assombrado por espíritos, mas uma dinâmica muito peculiar de pessoas assombradas por espíritos, assombrados por um hotel.
As entidades presas dentro daquele lugar são apenas vetores da vontade do próprio lugar e atuam como marieonetes para satisfazer um apetite macabro do lugar por hospedeiros.
Essa inversão se tornou muito significativa e a ideia de que “coisas” possuem as pessoas se tornou recorrente nas histórias de Stephen King. Vemos isso também em 1408 e Christine, histórias onde um quarto de hotel e um carro, respectivamente, possuem vontades próprias e acabam usando as pessoas que os usam.
Essa inversão de “quem usa” e de “quem é usado” pelas “coisas” é tanto um espelho da própria biografia de Stephen King, que foi um alcóolatra (ou seja, alguém que foi “usado” pelo alcoól), quanto reverbera na própria sociedade americana, onde o produto se torna simbiótico da personalidade da pessoa, possuindo-a de certa forma – invertendo o sentido e a condução de “quem consome” e “quem é consumido” por algo.