“Let’s Scare Jessica to Death” é um filme de terror de 1971, dirigido por John D. Hancock. A história é centrada em Jessica (interpretada por Zohra Lampert), uma mulher que acabou de sair de uma instituição psiquiátrica e se muda para uma casa de campo isolada com seu marido Duncan (interpretado por Barton Heyman) e seu amigo Woody (Kevin O’Connor). Logo após a mudança, eventos estranhos começam a acontecer, incluindo visões de uma menina misteriosa, a aparição de um cadáver próximo ao lago da casa e a presença de Emily (Mariclare Costello), uma mulher enigmática que estava na casa antes da chegada dos novos moradores.

Embora Emily pretenda sair quando os donos da casa chegam, Jessica a convence a ficar. Ela começa a se simpatizar com Emily, mas ao mesmo tempo sente ciúmes dela por ser bonita e agradável, atraindo a atenção de Woody e Duncan. Esses ciúmes se transformam em terror com nuances sobrenaturais, e Jessica começa a acreditar que Emily é uma vampira.

A partir daí, Jessica começa a questionar sua própria sanidade enquanto luta para descobrir a verdade por trás dos eventos aparentemente sobrenaturais que estão ocorrendo com ela desde que chegou à cidade. Conforme a história avança, o filme explora temas de loucura, solidão e a natureza da realidade.

O que faz o filme ser tão interessante, entre outras coisas, é o engajamento de Hancock em ser ambíguo ao colocar uma protagonista mentalmente instável para fazer o público se questionar sobre a veracidade daquilo que esta acontecendo, sem deixar claro se esta seguindo a linha do terror psicológico ou sobrenatural.

Além disso, o filme faz muitos ecos com a literatura vampírica pré-Bram Stoker, especialmente a obra Carmila de 1871 de Sheridan Le Fanu.

Assim como o filme, a obra de eLe Fanu possui uma ambiguidade inerente entre a personagens Laura e Carmila – que o vício da análise cultural freudiana interpreta de maneira simplória como a manifestação de uma paixão lésbica reprimida, mas que pode também ser interpretada por uma bipartição de personalidade dentro de uma mesma pessoa – tal como acontece na obra “O Médico e o Monstro” de Robert Louis Stevenson.

O “vampiro” não retrata apenas o desejo sexual reprimido, mas o desejo de violência, que é igualmente constrangido na domesticação das convenções civilizacionais.

No filme, podemos interpretar que Emily é uma projeção imaginativa dos sentimentos assassinos de Jessica em relação ao seu marido e a fantasia de poder materializada de uma condição de fraqueza, advinda da sua frágil condição mental, que a deixou dependente de outras pessoas.

Essa dependencia gera frustração e um sentimento de fraqueza que torna todas as sinalizações de força especialmente atraentes e ao mesmo tempo assustadoras.

Emily, nessa interpretação, é tudo aquilo que Jéssica gostaria de ser: sedutora, poderosa, magnética e, especialmente, perigosa.

É interessante notar que esse filme teve seu valor reconhecido apenas com o tempo. Por isso é tão interessante ler as críticas em retrospectiva.

No momento do seu lançamento, a recepção dos críticos foi morna. Na avaliação retrospectiva, de anos mais tarde, Let’s Scare Jessica to Death foi amplamente considerado um dos melhores e mais subestimados filmes do gênero.

Em suma, Let’s Scare Jessica to Death é um clássico perdido e que deveria receber mais atenção.

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