Da Colina Kokuriko” foi um filme dirigido por Goro Miyazaki, filho de Hayao Miyazaki, lançado em 2011. O filme é baseado no mangá shojo de 1980 intitulado “Kokuriko-zaka kara”, criado por Tetsuo Sayama e Chizuru Takahashi.
A trama se desenrola no ano de 1963, na cidade de Yokohama, Japão, e acompanha a história de Umi Matsuzaki, uma estudante do ensino médio que reside em uma pensão, e Shun, um jovem envolvido na luta pela preservação de um antigo edifício ameaçado de demolição devido aos preparativos para os Jogos Olímpicos de Tóquio.
O filme é uma obra notável que aborda temas como preservação da memória, esperança e amizade. É o segundo projeto de Goro Miyazaki para o Studio Ghibli, tendo estreado como diretor em “Contos de Terramar”, lançado em 2006.
A primeira vez que vi esse filme lembro dele não ter me impactado muito. Pra mim, faltava-lhe os sobressaltos imaginativos e fabulescos que o seu pai costuma dar – até mesmo nas histórias menos fantásticas.
No entanto, ao assistir novamente, consegui notar acentuadas nuances de delicadeza que o fizeram crescer em meu conceito.
A historia é contada a conta-gotas, enquanto assistimos quietos a rotina remansosa de Umi e arrumando para ir à escola, fritando uma sardinha para sua família, caminhando pela vizinhança e indo ao mercado local para comprar carne de porco na garupa da bicicleta de Shun.
Outro aspecto que não havia percebido anteriormente neste filme é o seu caráter politicamente “chestertoniano”. Em uma cena, ocorre um debate sobre a demolição do antigo edifício, revelando que a decisão foi “democraticamente” aprovada, com 80% dos votos a favor da sua destruição. Shun se destaca na multidão e inicia um discurso no qual, de maneira quase acidental, cita literalmente uma passagem de G.K. Chesterton sobre o valor da tradição, enfatizando que o seu valor reside na consideração das opiniões dos antepassados, quase explicitamente se referindo a essa visão como a “democracia dos mortos”.
Não sei como não percebi essas qualidades anteriormente, mas agora elas estão claramente evidentes.