“Cologne” é o álbum de estreia de Kaoru Akimoto, lançado em 1986. O disco é considerado um clássico obscuro nos fóruns especializados de música popular japonesa.

Ao ouvi-lo pela primeira vez, fiquei impressionado com a produção e a qualidade das músicas. O álbum possui uma identidade distintamente oitentista do início ao fim e, sem dúvida, carrega hoje todo o apelo e charme da nostalgia.

No entanto, não se limita a isso. Ha infusões de música clássica e música tradicional japonesa em alguns momentos.

O som não parece ser uma imitação da música pop americana – embora seja claramente influenciado;

Kaoru Akimoto aqui emerge como uma espécie de versão mais sóbria de Cindy Lauper.

Todo o andamento do disco é baseado em sintetizadores ostensivos, melodias cativantes e um ritmo dançante. No entanto, na música de Kaoru, percebemos uma impassividade melancólica, como um choro contido no meio de uma discoteca — uma característica que, para mim, está impregnada na música popular japonesa desde os anos 60.

A música popular japonesa no pós-guerra se tornou majoritariamente feita por mulheres. Acredito que faz sentido essa impressão de contenção de tristeza e remontar o papel dessas cantoras o mesmo perfil performáticos de gueixas de séculos passados

Acredito inclusive que toda essa mensagem oculta está explícita na capa, onde temos um belíssimo close do rosto triste (e maquiado) de Kaoru Akimoto.

Enfim, o álbum como um todo é maravilhoso. Minhas faixas favoritas são “Narushisuto” (segunda faixa), “Dress Down” (terceira faixa), “Puzzle” (sexta faixa, minha favorita) e “Wagamamana Haihīru” (sétima faixa).

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