Celexa Dreams é o terceiro álbum da banda Kyros, lançado em 2020, e o segundo da banda que eu escuto;
Como mencionei nos comentários sobre o álbum Mannequin, lançado em 2024, conheci a banda por meio de uma indicação do Instagram.
É digno de nota elogiar brevemente o tal do “algorítimo das redes sociais”. Eles, frequentemente demonizados, podem, sim, ser excelentes ferramentas de recomendação, desde que se saiba como educá-los.
É interessante (e irônico) pensar que descobri o Kyros justamente por meio do algoritmo, pois a banda, pelo que li, critica frequentemente a cultura e os mecanismos da internet, sempre abordando tudo num tom meio distópico ou apocalíptico – especialmente os tais dos algorítimos, os mesmos que recomendaram a banda para mim.
As letras deste álbum não fogem à regra. Elas abordam temas contemporâneos variados, desde o peso emocional de trabalhar em um emprego que se odeia até a cultura tóxica da internet e do anonimato. Cada faixa do álbum é baseada nas experiências de vida coletivamente acumuladas pela banda.
Paradoxos à parte, o álbum, assim como Mannequin, é excelente.
Ele transita do Synth-Pop ao Rock Progressivo oitentista, com muita influência do Rush e do Yes dessa época.
Destaca-se aqui o trabalho dos vocais e dos sintetizadores de Shelby Logan Warne (que antes da “troca de sexo” era Adam Warne, inegavelmente a grande estrela da banda) e do baixo de Peter Episcopo (especialmente na faixa In Vantablack e na instrumental Uno Attack). Também contribuem para o álbum Joey Frevola nas guitarras e Robin Johnson na bateria.
As músicas são variadas e interessantes. Tudo soa etéreo, evocativo e, ao mesmo tempo, intenso. As músicas possuem um apelo bastante oitentista, combinando teclados e até saxofones (aqui tocados por Sam Higgins).
As minhas faixas favoritas são a nostálgica In Motion, a belíssima e intimista balada progressiva Phospheme, a épica In Vantablack, as pesadíssimas Two Frames of Panic e Uno Attack e, principalmente, a incrível Technology Killed the Kids III.
Esta última faixa citada é a terceira parte de um conceito lírico que começou no primeiro álbum, quando a banda se chamava Synaesthesia, e que continuou no segundo álbum, intitulado Vox Humana.
Technology Killed the Kids III resume todo o conceito do álbum e, ao mesmo tempo, acrescenta uma atmosfera sombria, fantasmagórica e quimérica, além de ter, nos seus minutos finais, um peso capaz de fazer inveja a qualquer banda de Heavy Metal extremo.
Em suma, Celexa Dreams é um excelente álbum e Kyros já está consagrada entre as minhas bandas favoritas