“Castelo no Céu” é uma extrapolação imaginativa de uma referência nas “Viagens de Gulliver” (1726) de Jonathan Swift para Laputa, uma cidade-ilha flutuante, com uma base adamantina, em que seus habitantes podem manobrar em qualquer direção usando levitação magnética.
No livro de Jonathan Swift, Laputa seria uma referência ao Império Britânico, uma ilha capaz de “cobrir e fazer sombra” em todo e qualquer pedaço de terra no planeta – além de ser também uma poderosa arma de guerra.
Hayao Miyazaki cria, desta premissa, uma fantasia científica steampunk, ambientada no que aparenta ser o mundo vaporizado da Primeira Revolução Industrial, onde elabora o mito da cidade perdida, fazendo Laputa ser uma espécie de mistura de Atlântida com El Dorado, onde se esconde ciência e ouro, cobiçada por homens.
Além disso, explora na personagem principal, Sheeta, o conceito de “retorno ao Eterno” de Mircea Eliade (não confundir com o conceito filosófico do “eterno retorno”), na concepção religiosas uralo-altaicas (das montanhas, como arquétipo ideal no céu), gregas (como no Olimpo e nos campos elísios, lugares suspensos no céu), judaicas e cristãs (com a imagem do Éden, sendo associada a um jardim no céu), onde vemos claramente a imagem arquetípica (na verdade, literal) da queda e do esquecimento.
É impossível dar uma nota menor.