“The Other” (ou “A Inocente Face do Terror”) é um filme de terror psicológico de 1972, dirigido por Robert Mulligan.
Não continue a leitura a partir daqui caso você nunca tenha assistido ao filme.
A trama gira em torno de uma família que vive em uma fazenda isolada nos Estados Unidos durante a década de 1930.
Baseado no romance homônimo de Thomas Tryon, o filme acompanha Niles e Holland Perry, dois irmãos gêmeos de nove anos de idade (ambos interpretados por Chris Udvarnoky).
Os irmãos possuem personalidades muito distintas: Niles é doce, sensível e introspectivo, enquanto Holland é travesso, manipulador e, por vezes, cruel.
Ao longo do filme, eventos estranhos começam a acontecer na fazenda e ao redor dos gêmeos. Animais de estimação são encontrados mortos e pessoas da comunidade começam a morrer de forma misteriosa.
O filme não oferece respostas fáceis para esses mistérios e constantemente se desenvolve na ambiguidade, fornecendo apenas algumas pistas pontuais de que algo está errado, não apenas na fazenda, mas com o adorável Niles e com Holland.
Primeiramente, os irmãos são vistos apenas quando estão sozinhos. Em segundo lugar, há um anel misterioso que Niles guarda em uma caixa de cigarros vazia, além de um dedo enfaixado em um pano azul de forma igualmente enigmática. Em terceiro lugar, as mortes e eventos estranhos estão sempre associados a Niles ou Holland de alguma forma.
Conforme a narrativa se desenrola, descobrimos que a relação entre Niles e Holland é ainda mais estranha do que imaginávamos.
Revela-se que Holland faleceu e que Niles incorporou sua personalidade.
A direção de Robert Mulligan e o roteiro de Thomas Tryon foram extremamente competentes em manter a ambiguidade e o mistério da história, colocando o filme em uma zona cinzenta entre o terror sobrenatural e o terror psicológico.
O grande mérito do filme reside na sua eficiente capacidade de manipular nossa simpatia por Niles, convencendo-nos de que ele é uma criança boa, dócil e extremamente imaginativa.
Além disso, o filme não sugere que Niles seja perfeito. Pelo contrário, ele se comporta como uma criança normal e saudável, brincando, correndo de um lado para o outro e desrespeitando os horários de almoço. Isso o torna crível, verossímil e acima de qualquer suspeita.
Essa construção eficiente aumenta o impacto quando descobrimos que ele é o responsável por todo o mal.
O filme é permeado pela ideia de que o mal se esconde sob a aparência do bem, começando pela paisagem: uma bela e ensolarada zona rural americana que serve de cenário para o desenrolar de uma história perturbadora.
Além disso, apesar de não apresentar cenas explícitas, as mortes no filme são extremamente impactantes, incluindo a morte de uma criança e de um bebê recém-nascido.
Em suma, “The Other” é um filme surpreendemente bom, com uma história interessante com uma execução muito eficiente. Um dos melhores filmes que assisti recentemente.