Os monumentos megalíticos representam um fenômeno religioso primitivo mais autenticamente europeu.
Além do Stonehenge na Inglaterra, temos também outros na Irlanda. Eles estão presentes no litoral mediterrâneo da Espanha e Portugal, na França, Dinamarca e na costa meridional da Suécia.
Tudo indica que a difusão do complexo megalítico tenha começado no povoado Los Millares, situado em Santa Fé de Mondújar na Espanha.
Esses monumentos possuem três categorias: o menir (pedra de grande altura enterrada verticalmente no solo), o cromlech (conjunto de menires dispostas em um círculo, semi-círculo ou filas paralelas) e o dólmen, constituído por uma imensa laje sustentada por duas pedras erguidas e arrumadas de tal forma que formem uma espécie de recinto ou câmara.
Os dolmens encontrados ao longo do Atlântico, sobretudo na Bretanha, estendendo-se até os países baixos, eram utilizados como sepulturas, assim como os dolmens na Irlanda.
Embora pareçam rudimentares em sua estética, esse tipo de monumento intrigava muito mais arqueólogos e historiadores do que as pirâmides.
Estamos falando da disposição de pedras de 100 a 300 toneladas aqui. Para se ter uma ideia, os guindastes mais modernos hoje suportam até 20 toneladas.
O que intrigava nestes monumentos era o “como” e, principalmente, o “por quê”.
Por que dedicar tanto esforço a um monumento funerário?
Por que as casas dos camponeses neolíticos quase não deixaram vestígios enquanto seus túmulos resistiam ao tempo?
Apesar de os megalíticos serem europeus, seu significado remonta a um simbolismo lítico universal, presente em todos os lugares do mundo.
Podemos explicar o simbolismo lítico na ideia de que o rochedo, a laje e o bloco de granito significavam duração infinita, incorruptibilidade e existência independente do devir temporal. Não é necessário muito esforço para perceber que até hoje o simbolismo lítico está presente em todos os cemitérios do mundo.
A interpretação dada por Mircea Eliade parece seguir a ideia de que esses homens estavam mais preocupados com alguma noção de transcendência do que com a contingência da sobrevivência.
O homem dedicou a maior parte do seu tempo, da sua energia e da sua criatividade à construção de templos e túmulos, mais do que a casas e aldeias. De alguma forma, ele sempre suspeitou que não era originalmente deste mundo. Como já disse antes, o primeiro templo foi construído antes mesmo do primeiro abrigo.
Por isso, afirmo que, cientificamente, é quase impossível pensar no homem apenas na perspectiva naturalista. O homem é quase um contrassenso evolutivo.