As Geórgicas é um poema de Virgílio, provavelmente publicado em 29 a.C. Os temas do poema são a lavra (trabalho com arado), viticultura (cuidado das árvores), pecuária (gado) e apicultura (abelhas); no entanto, longe de ser apenas um manual agrícola, é uma obra caracterizada por tensões tanto no tema quanto no propósito.
As Geórgicas são consideradas a segunda grande obra de Virgílio, após suas Éclogas e precedendo a Eneida. O poema baseia-se em uma variedade de fontes anteriores e influenciou muitos autores posteriores, desde a antiguidade até o presente.
Muitos aclamam as Geórgicas como a obra mais sofisticada e perfeita de Virgílio, mas também a mais difícil e, por isso, a menos lida.
A obra é composta por 2.188 versos hexamétricos, divididos em quatro livros.
No primeiro livro, Virgílio inicia seu poema com uma dedicatória a Mecenas, seguida por um resumo dos quatro livros e uma oração a várias divindades agrícolas, bem como ao próprio Otaviano Augusto. Ele toma como modelo o trabalho de Marco Terêncio Varrão, antigo poeta romano, sobre a agricultura, mas difere dele em aspectos importantes.
Este livro é particularmente desafiador, pois há numerosas passagens técnicas que preenchem sua metade inicial, onde Virgílio descreve o arado.
Virgílio também faz referências a Hesíodo (de Trabalhos e Dias) e menciona Júpiter e sua relação com os homens, pontuando tensões elaboradas e deliberadas.
O poema aborda a importância do trabalho para o sucesso ou fracasso dos esforços da humanidade, seja na agricultura ou em outras áreas. No entanto, o livro atinge o clímax com a descrição de uma grande tempestade que anula todos os esforços do homem.
Após detalhar vários sinais meteorológicos, Virgílio termina com uma enumeração dos presságios associados ao assassinato de César e à guerra civil; apenas Otaviano oferece alguma esperança de salvação.