“Argumento de Venda” é um conto de Philip K. Dick, publicado pela primeira vez em 1954 na revista Future Science Fiction.
Acompanhamos Ed Morris voltando de uma de suas rotineiras viagens de Ganimedes (um planeta distante) para a Terra.
Durante a viagem, ao longo do caminho, ele é bombardeado por anúncios agressivos e intrusivos.
Isso serve para introduzir ao leitor que tipo de universo estamos lidando. Um universo onde a comunicação publicitária deixou de ser massificada e passou a ser individualizada e aderente.
Enfim, mesmo após a viagem, robôs publicitários o acompanham a cada passo, até ele chegar em casa – vendendo os variados tipos de quinquilharias.
Exausto dessa rotina, Morris sugere a sua esposa, Sally (que também é perseguida diariamente pelos robôs publicitários), a se mudar para Proxima – um lugar mais distante e longe da cultura comercial da Terra.
Neste momento a campainha toca. Na porta está um robô que se denomina como um “FASRAD”. O robô é ao mesmo tempo “produto” e “vendedor”. Após as apresentações, o robô conclui que um “FASRAD” ajudará a melhorar a vida doméstica de Morris e Sally. Ele começa então a demonstrar algumas de suas habilidades. Ele é capaz de limpar a casa, fazer reparos elétricos simples e até criar túneis no chão em caso de um ataque nuclear.
No final da história, o protagonista é levado à loucura por um robô que pode se promover à força e se recusa a aceitar um não como resposta.
Se você ler com atenção, há uma sugestão de que os anúncios que Morris vê durante a viagem o visam especificamente – o que conhecemos como marketing segmentado.
Ele é bombardeado com anúncios de produtos que resolverão problemas de homens casados de meia-idade, sobrecarregados de trabalho e infelizes: remédios contra estresse, remédios para flatulência, produtos para ajudar a proteger uma vida sexual em declínio, produtos para ajudar no escritório e balanceadores endócrinos.
Em casa, o argumento de venda se volta mais para a vida doméstica – apresentando ao casal uma cartela de “vantagens” infinitas que aliviarão sua rotina estressante.
Assim como o “FASRAD” é produto e vendedor, Morris e Sally vivem num sistema que ao mesmo tempo adoece e oferece a cura.
O conto é uma crítica a uma publicidade que odeia o vácuo – mas também é uma análise da saúde mental de indivíduos soterrados numa cultura abusivamente consumista.
Episódio 4: Crazy Diamond (Electric Dreams, Amazon)
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Ed Morris trabalha em uma empresa que produz humanóides sintéticos chamados Jacks (humanoides masculinos) e Jills (humanoides femininos). São produzidos também os “CQs” (“consciências quânticas”) que lhes dão inteligência e emoções. Ele é abordado por uma Jill moribunda, que quer que ele a ajude a roubar dez CQs – um para estender sua própria vida, e o resto para vender no mercado negro. Ed iria receber uma parte da venda e começar uma nova vida com sua esposa, Sally.
Existe uma diferença entre fazer boas adaptações, más adaptações e contar histórias completamente diferentes, e esse é o caso aqui.
Custei a entender que o episódio “Crazy Diamond” foi baseado no conto “Argumento de Venda”.
Não dá para entender o que realmente foi adaptado aqui.
Marc Munden (diretor) e Tony Grisoni (roteirista) fizeram uma história de “assalto” misturada com uma versão “freak” de Thelma & Louise.
Tenho pena de Steve Buscemi, grande ator, estar envolvido nessa porcaria.